terça-feira, 15 de dezembro de 2009

De descartável, somente o dinheiro ! Garrafas de vidro x PET

De descartável, somente o dinheiro !

VASILHAMES:


Pequeno Histórico:

Conforme observado, há alguns anos as bebidas em geral, especialmente refrigerantes, eram vendidas acondicionadas em vasilhames de vidro, que eram retornáveis e reaproveitados, tanto que, nos supermercados em geral havia tal setor onde entregávamos os vasilhames (ou cascos) vazios a um funcionário, que nos entregava uma “comanda” discriminando um valor praticamente simbólico em torno de R$ 0,10 cada garrafa, que ao final da compra era descontado, considerando sempre a bebida adquirida relacionada à “comanda”.

Tal prática ainda existente em diversas cidades no interior não se repete, infelizmente, na Capital de São Paulo (não sei sobre as demais cidades), apesar de ocorrer até pouco tempo. Porém, as grandes redes de supermercados, especialmente o “Grupo Pão-de-Açúcar” que adquiriu o “Barateiro” e o “Paes Mendonça”, dentre outros, aboliram deliberadamente tal prática, sendo seguido pelo “Carrefour” e “Wall Mart”, dentre outros.

Por certo tais atos buscavam praticidade exclusivamente aos supermercados, pois mais incômodo havia para os consumidores que antes de se dirigirem às suas compras deveriam lembrar dos “cascos”, sob pena de não adquirir, ou levar os descartáveis.

Alguns detalhes importantes: O material não pode ser transformado em adubo. Plástico e derivados não podem ser usados como adubo, pois não há bactéria na natureza capaz de degradar rapidamente o plástico; É altamente combustível e libera gases residuais como monóxido e dióxido de carbono, acetaldeído, benzoato de vinila e ácido benzóico. É muito difícil a sua degradação em aterros sanitários.


Do custo

A operação de “venda e compra” dos “cascos” se efetuava através de um modesto funcionário, escalado num setor praticamente de depósito nos supermercados, em geral no estacionamento, com custos significativamente reduzidos, cujo trabalho posterior se consumava com a troca quando da entrega, pelas distribuidoras, das “garrafas” cheias pelas “vazias”. Cumpre destacar que o transporte era efetuado pelo mesmo caminhão e funcionários, levando as cheias na ida e trazendo as vazias no retorno.

Outrossim, quando trocávamos as garrafas de vidro as mesmas recebiam um valor, apesar de simbólico, porém representando somente a aquisição do conteúdo (líquido) e não do recipiente. Atualmente adquirimos um recipiente plástico que não queremos, não serve para nada além de lixo e poluição.

Além, as engarrafadoras já dispunham de processos de esterilização e higienização das garrafas de vidro e reaproveitamento e em geral ainda dispõem, tal como as utilizadas pelas engarrafadoras de cervejas.

Mesmo o custo de armazenagem se revela desprezível, posto que, o espaço de depósito nas engarrafadoras eram ocupados por garrafas ainda vazias, até mesmo a céu aberto, que após higienização e “enchimento” são ocupados por tais garrafas no aguardo da entrega nos supermercados, com retorno no mesmo caminhão.

Desta forma, um caminhão com 02 funcionários pode reciclar, por “viagem”, aproximadamente 50 caixas de refrigerantes com 12 cada, ou 600 garrafas, enquanto que individualmente poderemos, com muito esforço, entregar no lixo o que compramos, para reciclar 04 garrafas, com o custo individual do transporte, sem contar com a própria poluição de cada um dos veículos particulares em funcionamento para tal entrega.


Da qualidade do produto e do prazo de validade

Conforme pesquisas realizadas, está comprovado, cientificamente, que as bebidas acondicionadas em recipientes plásticos podem apresentar, além de alteração do sabor, queda significativa no prazo de validade quando acondicionadas por longo período, pois nos vasilhames de vidro, por exemplo, o prazo de validade em geral se apresenta como de 01 (um) ano, enquanto que as plásticas, em geral, 60 (sessenta) dias. Comprova-se, ainda, o fato de que cervejas nunca são acondicionadas em recipientes plásticos, mas tão somente em latas ou garrafas de vidro.

Atualmente, em geral, os refrigerantes são vendidos em “garrafas” plásticas de 02 (dois) litros, que ao “abrir” somos praticamente obrigados a consumir integralmente, sob pena de ao guardar o “resto” para consumir depois o sabor altera-se substancialmente (também conhecida como bebida choca).

Sem o ranço de saudosismo, há tempos eram vendidas em garrafas “tamanho família” em geral de 01 (um) litro, que bastava para uma pequena família e quando necessário se guardava o restante sem perda considerável de sabor, ou mesmo se abria outra.


Do Impacto ambiental

A razão primordial desta manifestação deve-se ao fato de que, conforme verificado em diversas reportagens sobre poluição de rios e mananciais, especialmente os nossos Tietê e Pinheiros, onde às margens dos mesmos, na capital, dentre outros, se verifica uma enorme quantidade de “garrafas” plásticas jogadas indiscriminadamente, sendo comum ainda em todas as reportagens de “lixões” se verificar tais “garrafas”.

Como sabido, o plástico, derivado de petróleo, não é absorvido pela natureza, sendo ainda facilmente inflamável, cujo impedimento de queima se revela extremamente difícil.

Ainda, todos nós já passamos pela dificuldade em se desvencilhar de um vasilhame “descartável” de 02 litros, onde mesmo fazendo “vasinhos” decorativos (de gosto duvidoso) ou funil (que não pode ser usado em combustíveis), logo estamos diante de novos, que ao acondicionar no lixo sempre necessitamos de mais de um “saco de lixo”, em geral também de plástico.

Cumpre destacar que além da poluição dos rios e terra, temos a poluição visual dos mesmos que ficam por anos ali depositados, aguardando sua decenal decomposição.


Da reciclagem

Por certo o pior argumento para se manter tal prática de embalagens plásticas de 02 litros está na reciclagem, pois extremamente incômoda levá-las à um posto de entrega sempre distante, onde a maioria da população não o faz, com um custo elevado, considerando os sempre alterados preços dos combustíveis.

Além, não são as pessoas que apoiam a reciclagem que jogam nos rios, mas a população mais simples, que antes, provavelmente, guardavam seus vasilhames de vidro para trocá-los quando nova aquisição de bebidas.

Outrossim, não vislumbro reciclagem mais simples do que a troca das garrafas vazias de vidro pelas cheias, no local apropriado e conhecido (supermercado), a um custo extremamente reduzido, porém com grande impacto ambiental favorável. Observe na próxima vez que passar próximo aos rios ou da apresentação de uma reportagem a quantidade abusiva de “garrafas” plásticas verdes, sem contar nas incolores, que tão prejudiciais quanto, somente não se destacam pela ausência de pigmentação.

Por certo o custo de reciclagem de uma garrafa plástica (recolher, triturar, aquecer e retornar a injetar) é incrivelmente maior do que “lavar” uma garrafa de vidro.

Para as engarrafadoras, da forma como está, elas compram um produto de aproximadamente 3 centímetros, que em geral é importado, que é expandido e posteriormente engarrafado o líquido e cabe ao consumidor final se livrar de tal garrafa, jogando-a no lixo, encaminhando à coleta seletiva, transformando em artesanato e pondo em risco, pois altamente inflamável, ou segundo alguns jogando-a nos córregos, terrenos, ruas, praças e onde mais encontramos tais garrafas “pets”.

Dos interesses das fábricas plásticas

Conforme também pesquisa realizada o lucro da produção está concentrado nas próprias engarrafadoras, posto que, a “tampa” plástica já se tornou comum, bem como a diversidade de produtos plásticos duráveis não seria afetada, mas tão somente esta, incorretamente qualificada de “descartável”.


Da responsabilidade das Fábricas e Supermercados

A responsabilidade pela alteração do sistema de vasilhame, indiscutivelmente, deve ser atribuída às fábricas e supermercados, salvo melhor juízo, que devem, às suas próprias expensas, alterar, retornar ou promover medidas econômicas, não prejudiciais ou incômodas aos consumidores e população em geral, que mesmo não sendo consumidor sofre, da mesma forma, com o lixo provocado com tais embalagens que somente são “descartáveis”, mas em geral não recicladas,

Da Fidelidade

Resulta cristalina a quebra da fidelidade de compras no mesmo supermercado, pois o consumidor que antes sabia onde encontrar seu refrigerante favorito, e já possuindo o seu “vasilhame”, em geral se dirigia ao mesmo supermercado. Tal fato motivou, com a extinção de referida compra, a substituição por qualquer outro ponto de venda, posto que descartável, tal como o próprio recipiente.


Vamos retornar à reciclagem comum

A sensação de comprar lixo e poluir, sendo que antes, com toda simplicidade, éramos todos recicladores, é horrível !

Quero reciclar ! Quero uma bebida de melhor qualidade ! Não quero poluir !